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terça-feira, 16 de junho de 2015

Negritude, lesbofobia e pan-africanismo marcam a mesa redonda sobre gênero, raça e etnia

VI Encontro Brasileiro de Educomunicação e III Educom Sul

Replicado de http://www.abpeducom.org.br/

Por Silene Lourenço - relatora dessa mesa redonda.


Foto: Luiz Altieri Soares
Mesa discute negritude, pan-africanismo e lesbianismo
Foto: Luiz Altieri Soares
As atividades do segundo dia do VI Encontro Brasileiro de Educomunicação e III Educom Sul foram abertas pela manhã com a mesa redonda intitulada: "Educomunicação, gênero, raça/etnia" com a presença dos professores Profª Drª Cláudia Regina Lahni (UFJF/MG), Prof. Dr. Fernando Jorge Pina Tavares (UNILAB), Profª Drª Sátira Machado (SEDUC/EDUCOMAFRO) e Profª Drª Maria da Graça Gomes Paiva (SME/Porto Alegre).

O tema, cada vez mais presente em debates sobre políticas públicas afirmativas e em ações de natureza educomunicativa, foi abordado de forma sensível e com muita propriedade pelos quatro integrantes da mesa que, sob a mediação da Profª Drª Leonice Oliveira, provocaram importantes reflexões sobre o direito de expressão das diversidades.

Diversidade frente a opressão do machismo, do racismo e da lesbofobia

A professora Cláudia Regina, feminista e representante do movimento LGBT, abriu o debate falando da importância de se abrir espaço em eventos como esse para se discutir o direito à comunicação também a partir da orientação sexual dos sujeitos, tendo em vista o movimento atual pela democratização dos meios em nosso país.

Citando a experiência educomunicativa do Programa de Mulher – projeto de extensão universitária desenvolvido em parceria com rádios comunitárias –, ressaltou a necessidade de se inserir na pauta do dia a defesa do direito à diversidade frente a opressão do machismo, do racismo e da lesbofobia, marcada sobretudo pela invisibilidade dessas mulheres na nossa sociedade. 
Para a professora Cláudia, algumas conquistas passam pela alteração dos currículos dos cursos de Comunicação, e nesse campo ainda há muito a ser feito.


Pan-africanismo é mais que um pensamento. É um movimento político e ideológico.

Assim iniciou sua fala o professor Fernando Jorge sobre as diásporas africanas, que surgem a partir das rotas do tráfico de escravos, e a necessidade de construção de um pan-africanismo revolucionário para a formação da identidade negra e africana a partir da diversidade no mundo contemporâneo. 

Segundo o professor Fernando, o pan-africanismo é mais do que um pensamento. Trata-se de um movimento político e ideológico pelo reconhecimento da autodeterminação e dignificação dos povos africanos.
Seu trabalho, atualmente, consiste na construção de um campo epistemológico sobre as diásporas africanas baseado no diálogo intercultural e intergeracional e na superação da África objeto pela África sujeito, o que só será possível com a descolonização de nossas mentes. 
A Educomunicação, pois, contribuiria para a edificação de novos paradigmas epistemológicos em oposição à visão eurocêntrica da História.


Projeto RS Negro atua a partir das áreas educomunicativas
Representando a Ministra de Política da Promoção de Igualdade Racial – Profª Drª Nilma Lino Gomes – a contribuição da Profª Drª Sátira Machado (SEDUC/EDUCOMAFRO) discutiu a relação entre Educomunicação - e as suas diversas áreas de intervenção - e Negritude. 
Sua discussão se deu a partir da apresentação do Projeto RS Negro, que tem por objetivo dar visibilidade e promover o empoderamento dos negros do Rio Grande do Sul através do resgate histórico e cultural desses povos, da produção e divulgação de materiais educomunicativos nas escolas e da apropriação das tecnologias da informação e da comunicação para promover a consciência negra em rede.


"Se não fosse o Educom, não sei o que seria de mim", disse Bruna.

A última apresentação, mas não menos importante, foi a da professora Maria da Graça Gomes Paiva sobre as experiências educomunicativas da prefeitura de Porto Alegre. Depois de mostrar alguns dados que conferem alta qualificação ao corpo docente da rede municipal, a professora Maria da Graça falou dos esforços despendidos pelo poder público, desde 1993, para promover a inclusão digital. Essas ações estariam sendo redimensionadas a partir do conceito de Educomunicação, uma vez que o foco passa a ser o sentimento de pertencimento e a construção do eu-sujeito. 
Na prática, os alunos hoje estão sendo incentivados a assumirem o papel de protagonistas em cobertura de eventos e autores de produções midiáticas. 
Para encerrar, foi apresentado o depoimento em vídeo de uma ex-aluna da rede, negra, hoje professora estagiária de educação infantil, sobre a sua mudança de perspectiva em relação a si mesma, em relação ao outro e em relação ao futuro a partir do momento em que foi convidada a participar do projeto de rádio em sua escola, quando cursava a 7ª série.

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